Episodios Castiços da Marinha Portuguesa II




Bem, la vou eu outra vez ser um bocadinho chato e extenso, desta vez menos.
Para hoje, (e enquanto não saio da redoma Macau para conhecer essa China e por simpatia, esta Ásia), seleccionei para a rubrica Episodios Castiço da Marinha Portuguesa no Oriente, um episodio ainda hoje não encerrado.

Malaca.
Malaca era um atalho do caraças para o oriente, e ficou sob o domínio português por isso mesmo, por aproximadamente 130 anos mais ou menos entre 1510 e 1640, vindo a perder seu domínio frente a expansão de uma nova potência marítima, nada mais nada menos que a Holanda!
Quando tivemos de largar este posto mercantil crucial na Malásia para nos pirarmos à pressa dos holandeses Afonso de Albuquerque resolve voltar a Goa de onde alias tinha começado a conquista desta cidade, mas desta vez já com os porões atafulhados de tudo o q tínhamos saqueado aos malaios e os holandeses não chegaram a ver. Assim, parte do saque foi distribuído entre quatro navios entre eles o Flôr do Mar, q já havia participado em muitas campanhas e batalhas ate aqui sem ter feito nenhuma das revisões dos 10.000km

Especula-se que nele foi embarcado palaquins chapeados a ouro, uma mesa com os pés de ouro, o trono da rainha com incrustações em pedras preciosas. Fala-se também em quatro esculturas de leões, possivelmente presente do imperador da China ao rei de Malaca, ou mesmo terem sido retirados de túmulos de antigos reis de Malaca, feitos em ouro com pedras preciosas nos olhos, língua dentes e garras, objectos no mínimo caros!
E um objecto q causa alguma espécie. No meio destas coisas insignificantes encontrava-se uma bracelete feita em ouro e ossos de um animal desconhecido das montanhas do Sião, hoje Tailândia, q tinha poderes mágicos! Aquele que o usasse não sofria de perda de sangue se fosse ferido em combate. Assim como os coletes à prova de bala mas no braço. Para rematar levamos também um punhado de malaiasinhas, para o q desse e viesse durante a viagem.

Depois de zarpar a pequena frota carregada ate ao cagulo foi apanhada por uma violenta tempestade próximo à costa da ilha de Sumatra. Achou-se por bem lançar âncora na esperança de resistir à tempestade e esperar que a mesma passasse, mas não foi o suficiente, mesmo com âncoras lançadas o Flôr do Mar foi lançado de encontro aos arrecifes violentamente vindo a partir-se em dois.A parte da popa ficou presa nos arrecifes. Quanto a parte da proa, ficou a flutuar vindo a afundar em seguida. Foi improvisada uma jangada à pressa, mas Afonso Albuquerque permitiu apenas que embarcassem Europeus. Assim, como porteiro de discoteca um tuga qq de cruz latina no capacete pos-se de dedo médio no ouvido e a falar sozinho em código de besta para a manga e a dizer “Sem passaporte Europeu não pode subir a bordo…desculpe já disse q não pode…são as regras da jangada a não ser q conheça o Afonso…não? então para trás sachavôr…” . Os escravos e as belas jovens malaias foram lançados ao mar forçados por espadas…

O tempo passou e o naufrágio caíu no esquecimento até o ano de 1991.

Agóra a companhia Indonésia PT Jayatama Istikacipta divulgou que havia encontrado os restos do naufrágio do Flor do Mar a cerca de 36,5 metros de profundidade sob o lodo, próximo ao recife de Tengah, ao norte de Tanjong ou Ponta do Diamante, muito mais ao norte do que é declarado em documentos da época. Sendo a Marinha Mercante Portuguesa já conhecedora de sistemas avançadíssimos de navegação, ainda assim estava a chover e tal, aquilo abanava para cima e para baixo e tal...

Agora vem a confusão e jogo de interesses. A firma alega que já gastou muita guita nesta brincadeira de mergulhar à procura do barquinho, mas o valor dos possíveis achados poderá ficar entre um bilhão de dólares a oito bilhões de dólares, (parece q o ouro na indonésia é como a carne na China: com osso é mais cara!).


O governo da Malásia reclama para si o tesouro baseado no facto de que tudo foi pilhado deles, por outro lado, o governo da Indonésia reclama para si os direitos sobre os achados por estarem em suas águas territoriais. Nisto Portugal mantém-se caladinho a espera q o pessoal se esqueça q houve um país q realmente saqueou tudo.

Esta disputa vai longa, embora até o momento só se tenha encontrado apenas moedas de estanho, facas tortas e madeira podre!


Adaptação minha de um excerto de Eduardo Dias Nunes (seja lá quem for )
Imagem : replica do Flôr do Mar existente na Indonesia

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