Episodios Castiços da Marinha Portuguesa I



Vou dar início a uma série de pequenos relatos de episódios castiços da nossa, pelos vistos, gloriosa marinha portuguesa aqui pós lados do extremo oriente. Confesso que nunca me interessei pela marinha portuguesa, mas desde que cheguei a Macau tenho sido assombrado mais do que nunca, por uma terrível curiosidade pelos tais “feitos dos portugueses” pelos tão afamados Descobrimentos, suas personagens e situações, e admito q nas minhas pesquisas tenho encontrado relatos interessantes merecedores de conhecimento. Assim, aqui inauguro o espaço Episódios Castiços da Marinha Portuguesa no Oriente onde mantenho vincadamente o meu discurso na primeira pessoal do plural: Nós os Portugueses. E senão tiverem paciência para ler, vocês e q perdem.

1800 e tal, tempos duros, a pequena cidade de Macau esquecida pela metrópole e economicamente em jogo pela Companhia Inglesa das Índias q ia sacando o q podia de todas as cidades Portuguesas, Inglesas e Holandesas no oriente acabou por atrair piratas chineses q atacavam todos os barcos, mas,la ia sendo a Cidade do Santo Nome de Deus de Macau, Não Há Outra Mais Leal.

Entretanto um pirata chinês, chamado Quan Apon Chay, que aspirava a tornar-se imperador da China, andava a acagaçar a costa sudeste da China com uma armada de perto de setecentos navios, entre juncos, lorchas e outros de menor porte. No início não se atreveu a chatear-nos, possivelmente por recear a esquadra que aqui tínhamos, mas com umas mobilizações desta para a India, deve ter achado q tínhamos ficado desprotegidos e la veio ele…
Nisto o goverador da altura pensou: “não pode ser pá! se os deixamos chegar aqui eles tomam esta merda toda…” e falou com o capitão Miguel José de Arriaga Brum da Silveira q e disse-lhe q fosse rapidamente estoirar com os juncos desse tal pirata armado em bom q vinha para cá, nem q tivesse de armar navios mercantes alem dos da marinha, e mesmo pedir ajuda aos barcos ingleses q se encontravam atracados em Macau por coincidência ou não.
O gajo começou a dar toques aos amigos, entre eles o capitão José Pinto Alcoforado de Azevedo e Sousa, e Gonçalves Carocha, a combinar uma disputa aqui nos mares de Macau, armaram e guarneceram 4 barquitos e la foram. Encontraram 200 embarcações dos piratas mais perto do q esperavam, mas mesmo assim o bravo Zé de Arriaga esfanicou os juncos e as lorchas com tiros de canhão ao Chay durante quase 24 horas ate q o Chay disse: “bem pessoal siga la bazar q estes gajos estão notoriamente em vantagem…”,
Tendo ficado a esquadra inglesa sossegadinha em Macau e não tendo aparecido para o chá conforme combinado! Por coincidência ou não.
Nisto o governo imperial da china reparou na bravura da marinha portuguesa e pensaram: ”Espera lá q vão ser estes parvos a fazer frente ao terrível pirata por nós…” e nós sempre prontos para um boa folia e a troco de nada (incrível não?) dissemos q sim. Então 9 meses depois da batalha q já vos contei la fomos nós outra vez carregados de espingardas, canhões e Casal Garcia para o mar. Como de costume apareceram os piratas mais cedo e de surpresa e lá os encontramos já pertissimo de Macau outra vez. Mais umas escaramuças, uns tiros de canhão e o Chay la bazou outra vez todo chateado q não ganhava para barcos. Ainda estávamos a festejar quando 10 dias depois la vinha o gajo outra vez com mais juncos e lorchas e todo irritadinho. Escusado será dizer q mais uma vez voltou para trás ao fim de umas horas quando entendeu finalmente q nem sequer conseguia chegar perto dos barcos portugueses.

Mas contudo o gajo maquiavélico e chato como à putaça conseguiu juntar mais palha q nunca e fez 300 juncos novos com os quais volta a Macau para dizimar os portugueses.
Deu-se então a pior mas ultima batalha na Boca do Tigre q é a bacia da foz do rio q passa em Cantão. Esteve-se bem! Manobrando habilmente os nossos navios de forma a ficar mos a barlavento e assim manter o inimigo à distância, para dispararmos os canhões, ( enfim o q se quer q se faça numa batalha marítima), escavacamos e trituramos o juncos e o pessoal da esquadra do Chay.
No entretantos há um dos nossos q fica encalhado, mas sem stresses! foi la outro desencalha lo…(camaradagem mesmo debaixo de fogo!)
De repente o capitão Alcoforado tem uma ideia brilhante q é afundar um barco mais pequeno q andava sempre pelo meio dos outros com símbolos relogiosos e q não atacava. Podia ser q fizesse alguma coisa.
E fez! Metade dos barcos desaparece em direcção ao mar a outra metade incluindo o Chay fica do lado de dentro da boca do tigre e esconde se no rio Hiang San, onde os portugueses não puderam entrar por terem maiores embarcações, ficando fundeados à entrada da barra a controlar o spot.
Decorridas cerca de duas semanas Quan Apon Chay mandou dizer ao sacana do português q lhe obstruía a passagem q afinal queria negociar.
Aqui entre a bravura do tal capitão Alcoforado q ao q parece se passa da cabeça se mete num bote sozinho e sem armas e vai ter com o chato do Chay dizer q a situação não pode continuar assim. Quan Apon Chay ficou parvo perante tanta coragem (ou estupidez) daquele português, mas ao mesmo tempo lisonjeado pela confiança que o nosso capitão depositava nele. E como também era um homem corajoso honrado (e estúpido), declarou a Alcoforado que na realidade a sua intenção, quando propusera negociações, era distrair nos para tentar furar o bloqueio, ainda que perdesse parte dos seus navios. Mas considerando a forma como se tinham batido e a demonstração de confiança tonta que lhe tinham dado, mudara de ideias e estava agora disposto a entrar em negociações de paz com o Imperador da China. Para tal solicitou a mediação portuguesa e que o encarregado directo dela fosse o próprio Arriaga. Ou seja pensou também: “ espera lá q vai ser este parvo a safar me dos chineses!...”

E agora a parte melhor: a coisa resolveu se com a China a obrigar o Chay a desmantelar a esquadra de piratas (um total de duzentos e oitenta navios, duas mil peças de artilharia e vinte e cinco a trinta mil homens). Os Portugueses nada quiseram para si, além dos navios que tinham capturado durante o último combate, o que, mais uma vez, assombrou os Chineses. Quan Apon Chay não foi preso nem morto apenas teve de reconhecer publicamente o poder do imperador chinês q tanto tinha feito para o apanhar e Arriaga reclama para si o cargo de almirante-mor da armada chinesa gozando de inúmeras regalias (esperto! ).
Mais tarde Quan Apon Chay visitou Macau com uma esquadra de sessenta juncos festivamente embandeirados. Recebido com todas as honras no leal Senado, e referindo-se a Gonçalves Carocha há de ter dito algo como:
“Eis o homem que mais danos me causou; ele só e a sua lorcha durante o primeiro combate inquietava toda a minha esquadra. Mas quem pode igualar os Portugueses!”



Adapatação minha a relatos de Saturnino Monteiro em«Batalhas e Combates da Marinha Portuguesa» (Vol.VIII)

2 comentários:

Marvin disse...

Já me estou a ver de chinelos, mochila e sovaco suado a desancar em piratas chineses!!!

Anónimo disse...

Outra história curiosa:

http://www.answers.com/topic/controversies-about-the-european-discovery-of-brazil

http://www.portugal-linha.pt/opiniao/CAlexandrino/cron12.html